ESCOLTA ARMADA: ATIVIDADE ESSENCIAL AO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
Esse segmento essencial para a economia do país tem representatividade assegurada pela atuação do SEMEESP – Sindicato das Empresas de Escolta do Estado de São Paulo, que possui como seu atual Presidente/Fundador o Sr. Autair Iuga.
Há muito tempo, a Escolta Armada tem se demonstrado uma ferramenta importantíssima na Proteção de Carga transportada por todo território Nacional. Atualmente, é impossível falar da cadeia completa de distribuição e logística sem citar a utilização da Escolta Armada. De acordo com o SEMEESP – Sindicato das Empresas de Escolta do Estado de São Paulo, desde 2012, o Brasil é campeão mundial em número de escoltas armadas: mais de 1.200 todos os dias. Em São Paulo, há 167 empresas de escolta armada com autorizadas pela Polícia Federal; no Brasil, são cerca de 400 empresas. 85% dos roubos de carga no estado acontecem em um raio de 150 km da capital paulista. As rodovias Anhanguera e Bandeirantes estão entre as mais perigosas, já que promovem a ligação entre a capital paulista, um dos principais terminais de carga do País e o aeroporto de Viracopos, em Campinas; além de concentrar dezenas de empresas que fabricam e montam produtos eletrônicos.
A Segurança Pública, por mais que seja eficiente, não consegue ser onipresente, ou seja, jamais conseguirá estar em todas as estradas, rodovias e vias onde se transportam produtos acabados, insumos e alimentos visados pela criminalidade. A Escolta Armada está no mercado da Segurança Privada, não para competir com a Segurança Pública, mas de forma a ser um braço complementar a ela, trazendo verdadeiramente a sensação de Segurança às cargas escoltadas e seus motoristas em todas as vias e rodovias que transitam, externando obviamente a todos os usuários, pela sua ostensividade e caracterização de empresa regulamentada e autorizada.
Em São Paulo, o mercado tem tanta expressão que um sindicato foi formado para dar mais representatividade e resultados às empresas especializadas: o SEMEESP, presidido por Autair Iuga, profissional com 32 anos de carreira e diretor-presidente da Macor Segurança e Vigilância Ltda. Iuga conta, através da entrevista a seguir, mais sobre o desenvolvimento do mercado de escolta armada e quais os benefícios sociais que essa atividade traz à economia brasileira. Acompanhe:
Segurança Brasileira – Como surgiu a ideia de criar um sindicato especializado em escolta armada?
Autair Iuga – O SEMEESP, que hoje conta com 34 empresas associadas, foi criado em 2010, para atender às necessidades e ao clamor dos próprios empresários dessa atividade. Nós tínhamos uma representação através do SESVESP (Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Estado de São Paulo), mas por tantas outras atividades que o congregam, a escolta armada nem sempre recebia a atenção de que o mercado e os empresários necessitavam. Então na gestão do presidente José Adir Loiola, em um ato de generosidade e visão de futuro, a diretoria do SESVESP concordou em desmembrar a atividade de Escolta Armada, e propiciar a criação do SEMEESP, do qual fui convidado a ser presidente. Em 2014, conseguimos finalmente o nosso registro sindical, e estamos legalmente constituídos, sendo os legítimos representantes da classe patronal de escolta armada, com um relacionamento profícuo com a classe laboral, e também com os representantes legislativos e reguladores do mercado.
SB – Quais as conquistas alcançadas pelo SEMEESP nesses primeiros anos de sua criação?
Autair Iuga – Conseguimos grandes feitos para a escolta armada, como o lançamento Cartilha de Escolta Armada e Segurança Pessoal Privada, que tem o objetivo de informar e orientar as empresas de segurança privada e cursos de formação de vigilantes que praticam e capacitam os profissionais da atividade de escolta armada no Brasil, e todo corpo operacional sobre procedimentos, normas de segurança e interatividade com a Lei Federal 7.102/83. O material tem a intenção de proporcionar uma interação entre executor (vigilante de escolta), operacional (coordenadores da operação de escolta na base e em campo), empresa e empresário, em todo território nacional.
Além disso, conseguimos a isenção parcial do rodízio de veículos em São Paulo (quando atuando na proteção de veículos de transporte de valores, as viaturas de escolta armada são liberadas das exigências do rodízio), e estamos batalhando junto ao PL 4238 que trata da isenção total do rodízio de veículos por parte da escolta armada.
SB – Quais os impactos socioeconômicos gerados pela imposição do rodízio municipal de veículos para a atividade de escolta armada?
Autair Iuga – O rodízio municipal de veículos, em São Paulo, nos causa problemas de natureza social, além de econômica. Pois além de termos que ampliar a frota em ¼ a 1/3 para suprir as necessidades diárias das operações, há dificuldades sociais geradas pelas eventuais multas que os vigilantes acumulam em suas carteiras de habilitação, derivadas muitas vezes por atrasos em congestionamentos e consequentes infrações em horários restritos. (Ou seja, o motorista está em um carro, cuja placa está restrita de veicular naquele determinado dia e um congestionamento o retém mais do que o devido no trânsito. Ao continuar em seu caminho de volta à empresa, muitas vezes é multado). Essas multas podem acabar se acumulando de tal forma, que o vigilante às vezes não pode continuar trabalhando por ter sua habilitação suspensa. Então, ao invés de propiciar o emprego e a atividade econômica, essa proibição causa mais entraves e gastos desnecessários. Levamos esse problema a diversas instâncias e conseguimos também através da FENAVIST – Federação Nacional das Empresas de Vigilância e Transporte de Valores que essa questão fosse abordada no novo Estatuto da Segurança Privada que está sendo apreciado na Câmara dos Deputados, em Brasília. Foi feita a seguinte alteração no Estatuto:
Art. 6º
§ 4º Os veículos especiais de transporte de numerário e de valores e de escolta armada são considerados prestadores de serviços de utilidade pública, para fins da legislação de trânsito, gozando da prerrogativa de livre parada ou estacionamento.
SB: O senhor, além de presidir o SEMEESP, também ocupa outros cargos em entidades correlatas ao mercado. Quais são e quais os benefícios obtidos?
Autair Iuga – Sou pós-graduado na Escola Superior de Sargentos da Polícia Militar do Estado de São Paulo, instrutor de tiro há mais de 20 anos e instrutor pela SWAT, nos Estados Unidos. Como representante classista, sou Vice-Presidente para Assuntos de Escolta Armada da Fenavist, Diretor de Escolta Armada de outras duas importantes entidades do setor: da Associação Brasileira das Empresas de Vigilância (Abrevis) e do Sindicato das Empresas de Segurança do Estado de São Paulo (Sesvesp). Em todas as instituições que a escolta armada está presente eu tenho uma cadeira representativa porque realmente é um assunto pelo qual eu sou apaixonado.
Também faço parte da maioria dos grupos que envolvem estudos da segurança pública e privada, como é o caso do Procarga de Goiás, que tem relacionamento direto com a Secretaria de Segurança Pública, e com as autoridades de Polícia Civil, Polícia militar, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal, a sociedade civil em comum e os próprios sindicatos das empresas de segurança. No Procarga, os trabalhos têm apontado que se não tivermos um núcleo de inteligência que reúna dados da Segurança Pública e Privada, quem vai vencer é o crime organizado. E nós sabemos que a única coisa que acaba com o crime organizado é a inteligência e o corte de aportes financeiros. Estaremos mais aptos a vencer o crime organizado com a unificação dos setores de Inteligência das Polícias, e com a aproximação da atuação dos organismos de Segurança Pública e com a Segurança Privada.
SB – Escolta Armada é uma atividade singular. Quais suas principais características e por que é tão difícil o êxito nesse ramo?
Autair Iuga – Sem menosprezar as demais atividades da segurança privada, que eu também executo, a escolta armada tem uma especificidade muito grande. Hoje para entender de escolta armada, é preciso ser exímio em logística, e saber otimizar ao máximo os recursos materiais, humanos e seus deslocamentos para ter um racionamento dos custos, além da pontualidade e disponibilidade dos serviços prestados. Além disso, os riscos envolvidos são muito grandes, pois temos que ter no mínimo dois homens, três armas, sendo duas curtas e uma longa, o veículo tem que ser rastreado e logotipado. E às vezes o veículo circula em uma rodovia em 40, 80, 100km sem nenhum tipo de posto da polícia rodoviária federal ou estadual. Mas a simples presença de um carro de escolta armada já externa uma maior sensação de segurança para todos os usuários da via, não só para a carreta ou para o caminhão que está sendo escoltando.
SB – Quais os requisitos para ser um profissional de escolta armada e como prepara-lo bem para essa atividade?
Autair Iuga – Todos profissionais possuem treinamento obrigatório e cursos fiscalizados pela polícia federal; e as empresas complementam esses treinamentos. Todos utilizam coletes de proteção balísticos, possuem seguro de vida e assistência médica extensiva a família. Além do mais, todas viaturas são dotadas de sistema de rastreamento por satélite com botão de pânico remoto possibilitando acionamento de apoio operacional e policial. Os vigilantes trabalham também com armas curtas, revólveres e pistolas, além de armas longas carabinas calibre 12 ou 38. A missão principal é proteger a própria vida e obviamente o bem escoltado.
SB – O setor sofre com a prestação de serviços clandestinos? Quais os riscos de se contratar serviços de empresas não especializadas e autorizadas pela Polícia Federal?
Autair Iuga – Sim, hoje existem muitos clandestinos, como agentes da lei fazendo bico e motoboys entregadores de pizza acompanhando carretas e dizendo fazer escolta. O risco é enorme, pois isso agrega perigo à carga e ao contratante, pois se houver sinistro, será negada a indenização pela seguradora. O transportador ficará com prejuízo e pode literalmente quebrar o seu negócio.
SB – A Macor, empresa que o senhor dirige, tem se firmado como um case mundial no segmento de escoltas. Fale um pouco sobre a empresa e o que a fez crescer tanto nesses 20 anos de existência.
Autair Iuga – A Macor atualmente efetua cerca de cinco a seis mil operações por mês em todo o grupo, estamos hoje no estado de São Paulo, com as unidades de Campinas, Bauru e Santos; no Estado de Minas Gerais, em Contagem; e na capital do Rio de Janeiro. Temos uma carteira aproximada de 1500 clientes e é um trabalho de bastante dedicação e orgulho.
Somos uma empresa com boa infraestrutura, pois fazemos nossa própria manutenção de frota, lavagem e higienização das viaturas, temos nosso próprio posto de combustível e tudo isso é traduzido em economia para o cliente, que quer um serviço impecável a preços competitivos. A Macor também atua em outras áreas como vigilância, facilities, segurança eletrônica e outros serviços, estando apta a oferecer projetos de segurança integrados e completos a seus clientes. A Macor é realmente uma empresa apta a prestar todo tipo de proteção com a garantia de ser uma empresa com 20 anos de mercado.
SB – Qual a receita do sucesso?
Autair Iuga – A receita do sucesso é primeiro amar o que você faz, aprender diariamente e principalmente se capacitar e entender o mercado. Porque o mercado vive de vários momentos. Eu comecei na escolta armada num tempo em que ninguém mais prestava esse serviço. Hoje a menos de um raio de 5km da nossa empresa, encontramos quatro concorrentes executando escolta armada. Isso não me chateia, ao contrário, me motiva. Acho que realmente viramos uma espécie de ícone no segmento, temos um preço justo e somos contra preços “predatórios”. Entendemos que para prestar um bom serviço é preciso ter um preço justo, para pagar o salário dos vigilantes, o carro, armamentos, munição, colete, multas, todos os impostos e sobrar uma margem de lucro satisfatória para dar continuidade a uma empresa que está há 20 anos no mercado, empregando e gerando benefícios sociais tão importantes a centenas de funcionários.